Livro: A Moda de Erika Palomino

“A Moda”, volume da coleção Folha Explica, apresenta o universo da alta-costura, do prêt-à-porter ao streetwear, explicando o funcionamento das engrenagens do Planeta Fashion –Paris, Milão, Londres e Nova York.

O livro, analisa a cadeia têxtil e o ponto de partida das tendências, além de esclarecer os principais conceitos e correntes no estudo da moda. Assinada por Erika Palomino, a obra inclui um histórico sobre a moda brasileira e serve como paradidático para os cursos de moda.
O site Folha Online divulgou uma prévia do livro A moda.

Veja a introdução do “Folha Explica a Moda”:

Ao longo dos anos 90, a moda entrou na pauta da sociedade brasileira. Passou-se a conhecer o nome das principais modelos, estilistas começaram a aparecer em programas de TV, desfiles entraram ao vivo nos noticiários da noite e chegaram às primeiras páginas de jornais.

Tudo andou tão rápido que é como se tivesse sido sempre assim. Quem está envolvido com moda mal consegue lembrar-se de quando as coisas eram diferentes. Ficou comum dizer, em tom de alegria: a moda entrou na moda. A frase virou máxima e, até o final da década, foi repetida no país tanto por quem era do meio quanto pelo público em geral. O que também nos faz pensar: então houve um tempo em que a moda esteve “fora de moda”?

O conceito de “estar na moda” se auto-explica e confunde. Tratar de moda implica lidar com elementos os mais complexos, especialmente quando combinados. Entrando nesse assunto, tangemos valores como imagem, auto-imagem, auto-estima, política, sexo, gender-bending (troca de sexos, ou o velho e bom masculino / feminino), estética, padrões de beleza e inovações tecnológicas, além de um caleidoscópio de outros temas: desde condições climáticas, bailes, festas, restaurantes ou uniformes até cores (e a ausência delas), modelos, top models, supermodels ou gente “normal”, mídia, fotografia de moda, moda de rua, tribos (e a ausência delas); música e diversão, mas também crise e recessão, criatividade e talento. Dinheiro também. E vaidade, competitividade, ego, modismos e atemporalidades, história e futuro, excessos, radicalismos e básicos. Não necessariamente nessa ordem, claro. Aliás, muito pelo contrário.

Na moda, tempos de luxo são substituídos por tempos de contenção, e assim por diante. Autofágica, quando achamos que estamos entendendo algo, tudo vira de cabeça para baixo de novo. E de novo e de novo. Nada é eterno. O que não quer dizer que algumas imagens, pessoas ou looks não durem para sempre. Pense no New Look de Dior, em 1947, ou na minissaia de Mary Quant, nos anos 60. Momentos de virada, momentos históricos.

Muitas vezes, o mundo não se dá conta de que eles são históricos ou, também muitas vezes, não percebe que a moda termina por completar o quadro histórico das sociedades. A olhos desatentos, muito do que vem das passarelas é coisa para iniciados, e até o que acontece nas ruas faz parte da informação somente dos guetos e dos nichos.

Valores que se cristalizaram anteriormente davam conta de que a moda era algo decidido por um punhado de estilistas, que determinavam o que se devia vestir. Não é mais assim. Como também não se aplica o pensamento de assistir a um desfile pela TV ou ver uma foto no jornal e pensar: “Nossa, eu jamais usaria isso!” É que nem tudo o que aparece na passarela é feito para efetivamente usar. Muitas vezes, uma imagem é reforçada ou tratada de modo mais extravagante ou incomum para que idéias sejam mais explicitadas, ou mesmo para produzir uma boa imagem para foto. Achar que os estilistas querem que você realmente saia “daquele jeito” é uma bobagem tão grande quanto ver uma obra de arte e simplesmente ficar imaginando se a teríamos na sala de visitas.

Então, moda é arte? Talvez seja mesmo. Pode ter tantas abordagens subjetivas e paradoxais que talvez seja imprescindível levar em conta seu caráter “artístico”. Então, tudo o que se vende nos shoppings é arte? Bem, mais ou menos. Na moda, o simplismo não funciona.

São essas as características deste livro. Você não vai encontrar aqui uma obra de história da moda. Daremos, isto sim, uma pincelada nos fatores que levaram à atual conjuntura da moda, colocando em planos unidos a situação internacional e a brasileira. Começaremos tentando definir o caráter em espiral da moda, apresentando os universos da alta-costura, do prêt-à-porter e do streetwear, explicando o funcionamento das engrenagens do chamado Planeta Fashion: Paris, Milão, Londres e Nova York 1.

Na seqüência, trataremos da cadeia têxtil e do ponto de partida das tendências – e o que são elas. Afinal de contas, quem é que dita a moda? E o que acontece com as roupas depois do desfile? Explicaremos a importância da juventude e falaremos de fenômenos recentes, como a figura do stylist e a onda da customização, que toma conta dos centros urbanos. Para entender a moda de hoje, será fundamental também uma compreensão do passado e do definitivo legado do século 20, num guia para identificar as décadas. O livro termina com um histórico da moda brasileira, mapeando as raízes da influência européia na criação made in Brazil e apontando suas principais personagens. O capítulo proporá também uma discussão sobre a identidade nacional que, assim como o restante desta obra, incentiva a nova geração a ocupar seu espaço na seara global da moda.

1 – “Planeta Fashion” é como o mundo globalizado da moda passou a ser chamado, a partir dos anos 90. O nome diz respeito à alta moda e a suas capitais internacionais. Para entendermos a moda, devemos compreender seu espectro de atuação.

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